Quando a leitura abranda, a estratégia empobrece

Quando a leitura abranda, a estratégia empobrece

Um novo estudo mostra que, entre 2003 e 2023, a percentagem de pessoas que leem por prazer caiu de 28% para 16% – uma redução de 40%.

Não é apenas um hábito a desaparecer; é uma competência estratégica a perder-se.

Para quem lidera marketing e negócios, esta tendência abre um fosso silencioso entre organizações que pensam melhor e as que apenas reagem.

Estou a terminar o segundo livro de Michel Desmurget – "Ponham-nos a Ler! A leitura como antídoto para os cretinos digitais." O título é provocador, mas o conteúdo é sólido.

O que liga este novo estudo às obras sobre hábitos de leitura é simples: o que se perde quando lemos menos.

Atenção sustentada nomeadamente ler treina o músculo que liga pontos, sustenta a análise e evita decisões ao sabor da tendência do dia.

Precisão na escrita e no raciocínio considerando briefings, propostas e copy que ganham clareza quando o vocabulário e a compreensão conceptual se expandem.

E a imaginação aplicada ao negócio na forma como as histórias criam mapas mentais; metáforas e analogias que se tornam ferramentas de criatividade para campanhas e posicionamento.

Se a maioria lê menos, a vantagem competitiva desloca-se para quem mantém (ou expande) o hábito.

Em mercados ruidosos, a qualidade da atenção é a nova escassez.

Objeção comum: “Não há tempo.”

O custo real é pago depois, em decisões fracas, mensagens medianas e equipas sem referências.

E sim, há estudos que sugerem que ler em ecrã (computador ou e-reader) não produz exatamente o mesmo tipo de atenção e retenção que ler em papel.

Há diferenças que importam quando o objetivo é pensar melhor para decidir melhor.

Boas leituras!

Frederico Carvalho

frederico.carvalho@digitalfc.pt

DIGITAL SPRINT • 29.08.2025 • Edição #186